A Agência Espacial Francesa (Cnes) anunciou esta semana, durante a comemoração dos três primeiros anos em órbita do satélite franco-europeu-brasileiro CoRoT (Convection, Rotation and planetary Transits), a decisão de prosseguir com a missão por mais três anos. O projeto do satélite CoRoT é uma parceria internacional de laboratórios franceses e de mais seis países europeus, além do Brasil.
O principal objetivo do projeto é buscar exoplanetas (planetas que não fazem partem do Sistema Solar). A busca é principalmente por planetas pequenos rochosos, parecidos com a Terra, locais onde as superfícies sólidas ou líquidas poderiam oferecer condições para o surgimento de vida.
"É importante ressaltar que planetas maiores, como Júpiter e Saturno, no caso do Sistema Solar, têm sua camada mais externa composta por gases", explica o professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, Eduardo Janot, presidente do comitê CoRoT-Brasil.
Alcântara
Outra função do CoRoT é o estudo de oscilações estelares através das variações de emissão de luz das estrelas, os estelemotos, algo como terremotos que ocorrem nas estrelas. Esses fenômenos permitem analisar a propagação dessas vibrações até o interior das estrelas, o que ajuda a entender o comportamento destes corpos celestes e até mesmo fazer algumas analogias com o comportamento do Sol.
Além da Agência Espacial Francesa, participam laboratórios científicos da Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Holanda e Itália, na Europa. No Brasil, os principais centros de pesquisas astronômicas nacionais participam do projeto.
Para França, foram enviados cinco pesquisadores brasileiros que auxiliaram no desenvolvimento de um software de tratamento dos dados enviados pelo satélite. Outra participação brasileira é com o Centro Espacial de Lançamentos de Alcântara, no Maranhão, que abriga umas das três bases terrestres para as quais o satélite envia os dados coletados. "Com a entrada da Base de Alcântara no projeto, houve um aumento de 80 para 120 mil estrelas observadas", aponta Janot.
Lançado em dezembro de 2006, a missão do satélite deveria durar três anos, mas os resultados foram tão positivos que os coordenadores do projeto dos diversos países participantes decidiram dar continuidade aos trabalhos do CoRoT.
Dentre as principais descobertas do satélite nos último três anos estão uma dezena de exoplanetas, além centenas de outros astros que necessitam de observações do solo para que possam ser enquadrados como exoplanetas. O principal destaque nesta área vai para o CoRoT 7-b, o primeiro planeta rochoso descoberto fora do Sistema Solar com massa e densidade próximas a da Terra.
Dentro sismologia estelar ¿ aquela que analisa, entre outros fenômenos, os estelemotos ¿, o satélite descobriu novos tipos de variações de luz, muitas delas até então desconhecidas pela astronomia. "A descoberta dessas novas variações abre espaço para novas perspectivas no conhecimento estelar e na física das estrelas", diz Janot.
Com a continuação do Projeto CoRoT, algumas pesquisas devem ser aprofundadas. Uma delas é o enfoque nos estudos destes pequenos planetas rochosos, planetas os quais podem abrigar alguma forma de vida. Outro enfoque da pesquisa com exoplanetas será a busca pelas chamadas ¿Super Terras quentes¿, planetas com uma massa um pouco maior do que a Terra e mais próximos de suas estrelas.
Com informações da agência USP